As miragens do sucursalismo

Inicialmente originário da zona de Vigo, mas socializado em boa parte do país, chainhas é um termo procedente do argot futebolístico empregado para definir quem carece das mínimas habilidades desportivas. A crise interna que acompanha a seçom autótone de Podemos desde praticamente a sua constituiçom, como projeçom mimética de um processo gestado a centos de quiómetros da Galiza, tem-se acelerado nas últimas semanas.

Por Carlos Morais | Compostela | 24/02/2016

Comparte esta noticia

O confronto entre Breogán Riobó e o aparelho madrileno da camarilha da Complutense saldou-se da única forma possível numha força hipercentralizada: cessamento fulminante de quem nom se submete às diretrizes.

O secretário-geral de Podemos na Comunidade Autónoma Galega, com umha trajetória política prodecente do nacionalismo galego, foi vítima da lógica organizativa e da mentalidade política do partido morado que contribuíu para divulgar. Antes de ser decapitado desde Madrid ensaiou aqui similar medicina à que lhe aplicárom após amonestaçom pública do chefe, posterior comunicaçom do enviado às províncias do noroeste, de cessar imediatamente o questionamento dos vigentes acordos atingidos com Anova em matéria de alianças eleitorais.

Incapaz de compreender que ocupar a máxima responsabilidade organizativa a escala regional nom passa de ser um mero formalismo, extremadamente frágil e fruto da sua permanente obediência aos ditados da “coleta”, ingenuamente teimou no temerário desafio que conduziu inevitavelmente ao suicídio.

Nom pretendo secundar as posiçons do Breogán Riobó, tam só refletir em base a um exemplo concreto do significado do sucursalismo versus auto-organizaçom.  

A linha política e a prática real de Podemos está exatamente nas antípodas do que afirma ser. Nom só nom é umha força ruturista e transformadora, assemblear e horizontal. Mais bem é paradigma do pior e mais nocivo modelo caraterístico da pequena burguesia “progressista”, dotado de umha retórica aparentemente radical e umha açom teórico-prática reformista complementando com um esquema organizativo caudilhista no qual nada se mexe nem se fai sem contar com a luz verde de Pablo Iglesias e o seu círculo de incondicionais.

As seçons regionais, os círculos e as estruturas organizativas som simples formalidades prescindíveis se chocam com a tática do aparelho eleitoral sob controlo absoluto da mao de ferro da castinha.

Breogán Riobó perdeu o sentido da realidade ao pensar, mal assessorado, que o cargo que exercia tinha plena autonomia de Madrid, esquecendo que nunca passou de ser o dócil homem de palha transitório enquanto nada melhor aparecesse para lançar e montar na Galiza a franquia.
Vítima do sucursalismo acreditou que poderia questionar Madrid por ter eco nalguns meios de [des]informaçom da burguesia. Mas esta projeçom só responde enquanto a sua dissidência seja funcional para erosionar a alternativa sistémica das Mareas ao poder absoluto da organizaçom criminal que gere os orçamentos de Sam Caetano.

Perante a sua negativa a demitir que lhe “solicita” Madrid, em poucas horas nom só assistiu ao triunfo da rebeliom dos representantes institucionais na metrópole alinhados e alentados polo aparelho da capital do reino, bem estimulada polas possibilidades abertas de poderem pisar alcatifa em breve, padeceu nas suas próprias carnes a cruel maquinária do sucursalismo. Umha gestora tomou as rédeas da seçom galega enquanto lhe cortavam a comunicaçom com a filiaçom na rede ficando só e isolado, e sem acesso às contas. Triste destino a quem recomendamos a leitura o “Retrato do colonizado, precedido polo retrato do colonizador” publicado  em 1957 polo tunisino Albert Memmi.

Nom há dúvidas que o Breogán Riobó é um chainhas da política profissional, que tentou jogar numha liga sem preparaçom suficiente, mas também na sua liquidaçom há um evidente componente de classe. O veterano cirurgiao José Maria García Buitrón é muito mais VIP, mais “presentável” para as camadas intermédias e do gosto da casta que um jovem de extraçom social popular que antes de ser liberado possuia um emprego precário de teleoperador.

Comparte esta noticia
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
Carlos Morais Carlos Morais nasceu em Mugueimes, Moinhos, na Baixa Límia, a 12 de maio de 1966. Licenciado e com estudos de doutoramento em Arte, Geografia e História pola Universidade de Compostela, tem publicado diversos trabalhos e ensaios de história, entre os quais destacamos A luita dos pisos, Ediciós do Castro, 1996; Crónica de Fonseca, Laiovento, 1996, assim como dúzias de artigos no Abrente, A Peneira, A Nosa Terra, Voz Própria, Política Operária, Insurreiçom, Tintimám, e em publicaçons digitais como Diário Liberdade, Galicia Confidencial, Sermos Galiza, Praza Pública, Odiário.info, Resistir.info, La Haine, Rebelion, Kaosenlared, Boltxe ou a Rosa Blindada, da que fai parte do Conselho assesor. Também tem publicado ensaios políticos em diversos livros coletivos: Para umha Galiza independente, Abrente Editora 2000; De Cabul a Bagdad. A guerra infinita, Dinossauro, 2003; 10 anos de imprensa comunista galega, Abrente Editora 2005; A Galiza do século XXI. Ensaios para a Revoluçom Galega, Abrente Editora 2007; Galiza em tinta vermelha, Abrente Editora 2008; Disparos vermelhos, Abrente Editora 2012. Foi secretário-geral de Primeira Linha entre dezembro de 1998 e novembro de 2014. É membro do Comité Executivo da Presidência Coletiva do Movimento Continental Bolivariano (MCB). Fundador de NÓS-Unidade Popular em junho de 2001, formou parte da sua direçom até a dissoluçom em maio de 2015. Na atualidade, fai parte da Direçom Nacional de Agora Galiza e do Comité Central de Primeira Linha.