Por Ramón Varela | Ferrol | 09/06/2020
Segundo a minha hipótese, isso deve-se à desconfiança radical de Pedro Sánchez a respeito de Podemos, que não lhe deixava dormir tranquilo, e, para atá-lo em curto por cada ministro de Podemos ele nomeou outro que atuasse como a sua carabina. Assinam programas eleitorais, mas isso é somente de cara à galeria, enquanto que o que rege na realidade é a realpolitik. Saca um projeto de lei o ministério de igualdade, e vem o ministro de justiça a dizer que não sabem fazer leis. Quere sacar o ingresso mínimo vital o vice-presidente segundo, Iglesias, e vem o de Segurança Social a dizer que de momento não toca, e Iglesias vê-se obrigado a reclamar-lhe ao presidente que cumpra os compromissos. Quere Yolanda Díaz derrogar a reforma laboral, mas o Escrivá já anda pregoando que isso assinou-se, mas que a real politik não o permite. Creio que podemos concluir que existe uma clara subordinação do Unidas Podemos ao PSOE. O que temos que ver agora é que relação tem isso com Galiza.
O panorama político galego vai-se ampliar de cara às próximas eleições fixadas para o 12/07/2020, porque às já habituais das últimas confrontações eleitorais vão se acrescentar algumas mais, entre elas a de Común-Unidas Podemos (Podemos-EU), que para estas eleições se coligou com Anova e as Mareas para dar lugar a Galicia en Común-Anova-Mareas. As outras formações da esquerda são: o PSOE, BNG e a Marea Galeguista, formada por En Marea, Compromisso por Galicia e o Partido Galeguista.
O resultado do PSdG vai vir condicionado polo empuxão que receba do PSOE estatal. O seu líder galego tem pouca experiência nestas lides, é pouco conhecido e não lhe sobra o carisma, mas é de supor que concentre parte do voto que possa perder En Común-Anova-Mareas a respeito dos magníficos resultados de Em Marea faz quatro anos, que conseguiu catorze deputados e a chefia da oposição. A Marea Galeguista parece que vai ter difícil entrar no Parlamento, porque, ainda com Villares ao frente. nas últimas eleições En Marea teve resultados muito parcos e Compromisso por Galícia e o Partido Galeguista têm pouca implantação e pouco lhe podem somar. O BNG, pola sua parte, parece que vai incrementar notoriamente o seu apoio, entre outras cousas porque não tem competência séria dentro do nacionalismo e a gente pode constatar que uma representação dos nacionalistas em Madrid é a única maneira demonstrar que Galiza existe e de conseguir algo para a nossa terra, ao tempo que nos permita sonhar com cambiar a estrutura do Estado em clave federal ou confederal.
Em Común-Anova-Mareas vem marcada polos conflito permanente, primeiro no seio de AGE (Alternativa Galega de Esquerdas) que terminou como o rosário da aurora, e depois em En Marea, que terminaria correndo a mesma sorte. Agora tanto as Mareas como Anova são apêndices de Unidas Podemos, que é quem lidera a coligação, com um projeto de esquerdas e galeguista light, que sempre vai reverenciar o sistema de dominação e as diretrizes que emanem dos seus chefes madrilenos e nunca porá em questão o status político de dependência e subordinação da nossa terra. Os deputados de En Marea, quando esta ainda contava com o apoio de Anova e as Mareas, passaram por Madrid com muita mais pena que glória; pregaram-se aos ditados de Podemos em Madrid, salvo Alexandra Fernández, nem formaram grupo próprio nem foram ao grupo misto para dar visibilidade às suas propostas. Agora estes dous apêndices de Unidas Podemos são organizações subordinadas a Podemos, que à sua vez está subordinada ao PSOE; e que confiança pode dar à cidadania apêndices desta classe que nem sequer são capazes de apresentar um projeto próprio para o país por muito que com a boca pequena se chamem nacionalistas? Isto é pinheirismo puro.