Por Ramón Varela | Ferrol | 28/12/2021
O presidente do primeiro governo do regime do 78, Adolfo Suárez, negou-se a submetê-la a votação a legitimidade do rei porque os inquérito lhe eram desfavoráveis, e como alternativa só se lhe ocorreu o dar-lhe o traga-la a todos os cidadãos, metendo-a no paquete constitucional e ou o tomas ou o vazio. Mas com o passo do tempo, e os avatares do monarca emérito, por não falar dos borbons que lhe precederam, a cidadania já pudo observar que esta instituição de entranhável não tem nada, porque está associada com a corrupção, e, polo que respeita aos direitos dos povos, não é uma instituição neutral, senão que tomou posições claras de cariz político, optando claramente polo centralismo dos partidos do 155 e de Vox. No formato da mensagem, Felipe VI seguiu a tradição do seu pai, sem inovar absolutamente nada, deixando constância que nisto é filho do seu pai, enquanto que a corrupção é órfã de pai e mãe.
Estas mensagens reais limitam-se, por uma parte, a ressaltar os êxitos da sociedade espanhola, associando a eles a monarquia para, dalgum modo apropriar-se da sua paternidade; enquanto que se silenciam os fracassos, quiçá para que passem como fruto do azar ou da má sorte. O mal-estar produzido na sociedade espanhola polas práticas de apropriação indevida e por fraude ao fisco, não merecem nem a mais mínima atenção para Felipe VI, e o seu destino fica confiado aos avatares do olvido. E pola outra, reduzem-se a expressar lugares comuns, bons desejos, noutras palavras a moralina barata para consumo de incautos. Esta foi já a conduta de João Carlos I durante os 39 anos do seu reinado e já se viu claramente que credibilidade têm. A justiça é igual para todos, mas os juízes removem-se pança riba para evitar que seja julgado; todos devemos contribuir segundo as nossas capacidades aos ingressos públicos, ao tempo que ele faz trampa. Todos devemos responder dos nossos atos perante a justiça, salvo ele que é considerado como inviolável e com tal poder que parece que é a justiça quem se move ao seu antolho.
A monarquia é a instituição do privilégio e da desigualdade. Os seus filhos já têm garantido um posto de trabalho e uma vida opípara, polos destinos que marcam os fados, já antes do seu nascimento, embora sejam pouco dotados e moralmente resultem ser uns depravados. E isto que tem que ver com o comum dos mortais? Que tem que ver com isto a problemática da vida dum trabalhador como os despidos, salário mínimo, regulação de emprego, esforço intelectual ...? A esta vida regalada, e nunca melhor dito, a instituição deveria corresponder com a sua exemplaridade, que não vemos por nenhures. Hoje, os partidos do 155 + VOX devem empregar grande parte do seu tempo em ocultar as suas nudezes, porque se põem ao descoberto escandalosamente. Quantos delitos não levam ocultado durante todos estes anos de reinado os chefes de governo de Espanha e quantas vezes as Cortes levam já rejeitado desde 2014 as comissões de investigação do emérito? O Pedro Sánchez prometeu-lhe aos espanhóis fazer transparente o funcionamento da coroa, mas o Felipe VI parece que não está polo labor, e parece que o destino consiste em deixar o tema para o período eleitoral que é quando o monarquismo de pro do PSOE se metamorfoseia em republicanismo e as promessas do candidato não têm cancelas.
A impressão que têm os cidadãos é que o pai do rei vai sair de rosinhas das investigações contra ele, e o eximi-lo de qualquer responsabilidade é cousa de oportunidade política, exatamente igual ao que passou com Botin, e ao invés do que aconteceu com os processados no process, Atuxa, Otegui, etc. O dano e o descrédito que isto lhe causa à justiça espanhola no exterior é impossível de reparar, se não se procede a uma reforma, mas esta alternativa parece totalmente pechada.