Alguns vendem-nos o simpáticos e compreensivos que som os cidadanistas espanhóis com os direitos do nosso povo. Outros recorrem ao pobre Lenine para nom se sabe bem o quê, ou ficam na cómoda indefiniçom repetindo as palavras de ordem de serviço.
Em todos os casos, tentam dramatizar a importáncia da convocatória, como se estivessem em jogo grandes cousas e a via eleitoral fosse a que dirime, a única capaz de confirmar ou corrigir a dinámica de destruiçom de direitos e a imposiçom do programa de máximos de um espanholismo neoliberal desbocado.
Eu gostava de fugir da autojustificaçom, sem por isso evitar um pronunciamento explícito. Isso porque pouco importam a minha ou qualquer outra opçom pessoal. Importam as posiçons e tendências coletivamente verificáveis.
Daí que, em lugar de qualquer discurso autojustificativo, recorra ao que considero umha prática mais legítima: a apologia das próprias posiçons e compromissos políticos em termos coletivos, como parte de aquilo que umha parte maior ou menor do nosso povo defende.
Considero a batalha eleitoral um ámbito auxiliar de intervençom por parte da esquerda política, cujo peso na atividade de qualquer agente coletivo é indício do seu compromisso real na transformaçom social.
Quando umha candidatura qualquer nos vende, quer de maneira teorizada e explícita, quer nos factos da sua praxe, que será por via eleitoral que realizará as profundas transformaçons que o nosso país necessita, fico logo de pé atrás e perdo qualquer confiança no que vinher a seguir.
Estou cada vez mais convencido de que nom é no terreno eleitoral, nem nos parlamentos, que se decide a orientaçom das políticas económicas, sociais, culturais... de qualquer povo. Nunca foi e nunca será, mas ainda menos no caso de um povo sem instituiçons próprias soberanas, como é o nosso.
Isso nom significa que deva ser desprezada a participaçom nessas instituiçons, mas sim significa que em nengum caso deve contituir o principal campo de jogo para a intervençom revolucionária. Cousa diferente será no caso das forças assumidamente sistémicas, que sim poderám aplicar programas reformistas, na condiçom de em nengum caso afetarem o substancial do sistema.
Os parlamentos nom criam nem transformam nengumha realidade social. Som unicamente umha expressom jurídico-política dessa realidade, daí que a transformaçom social, e nom a representaçom parlamentar, deva ser sempre umha prioridade para quem realmente aspira à mudança de fundo. O contrário corresponde com o que hoje vemos, por exemplo, na minha cidade, onde contamos com um governo dito “ruturista” incapaz de tomar umha única medida que seja minimamente transformadora no ámbito municipal ferrolano.
O ruturismo cidadanista nom passa, lamentavelmente, de umha casca vazia mantida polo márketing e alimentada por um descontamento social incapaz de se expressar em termos realmente
transformadores.
Estaria disposto a votar em qualquer força galega e de esquerda que admitisse e, sobretodo, praticasse, essa verdade, que sempre julguei incontestável. Por isso acho que nom vale a pena votar em quem fai da intervençom eleitoral a sua principal frente, quando nom única, de trabalho político.
Infelizmente, na Galiza atual nom existe nengumha força que cumpra as expetativas mínimas para a transformaçom social do nosso país. Ao contrário, o eleitoralismo é tam importante em todas elas que a desvinculaçom eleitoral converte qualquer simpatizante ou militante crítico em automaticamente suspeito, quando nom inimigo, de umhas siglas criadas e alimentadas só por motivaçons eleitorais.
Há que continuar a defender no dia a dia a construçom dessa força, que aposte a sério na transformaçom, na independência, no socialismo e no feminismo, sem abandonar o trabalho eleitoral, mas situando-o na segunda ou terceira fila das prioridades.
Até aí, a minha opçom será, como quase sempre, a maioritária do nosso povo: a abstençom.