A nossa luita deve ser para vencermos nesta vida

É mui habitual escuitar entre camaradas e entre companheir@s das mais diversas organizaçons da esquerda e do movimento popular, que nom vamos poder ser espetadores dos objetivos estratégicos que perseguimos. Que temos que luitar, que nos nos fica outra, mas que lamentavelmente os nossos olhos, os nossos ouvidos, nom vam desfrutar vir derruir o sistema capitalista, arriar as bandeiras da opressom, nem escuitar o alegre som das multidons excluídas embriagadas de entusiasmo e confiança no futuro.

Por Carlos Morais | compostela | 13/02/2015

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O derrotismo que emana desta forma de pensar tem conseqüências diretas nas dificuldades para a construçom e o desenvolvimento na Galiza de um movimento político revolucionário com opçons reais de triunfo. 
 
Levamos décadas instalados no pessimismo, no negativismo, no sentimento subjetivo de que nunca atingiremos umha Pátria livre e igualitária, destruir o capitalismo, atingir a independência e a soberania nacional. Que esse mundo novo sonhado nom é tangível nem a médio prazo. Por isso seguimos oscilando entre a autosatisfaçom inoperante do conformismo contemplativo e a frustraçom e a angústia de querer mas nom poder.
 
As consequências som mais que evidentes e nefastas porque se nem nós mesmos acreditamos nas possibilidades reais de triunfo, estamos incapacitados para gerar motivaçom nas capacidades reais, aqui e agora, de tomar o poder, de contribuir para pôr em andamento umha Revoluçom na Galiza.
 
Um dos principais êxitos do comandante Hugo Chávez -quem um dia como hoje de há 23 anos encabeçava o levantamento cívico-militar detonante da Revoluçom Bolivariana, residiu em convencer as maiorias populares do seu país, com a sua magistral retórica, de que era possível tombar o regime. 
 
Após o inesquecível “por agora” com que reconheceu o fracasso momentáneo da insurreiçom de 4 de fevereiro de 1992, Chávez e o seu movimento político ativou milhons de compatriotas instalados na resignaçom e no conformismo, defendendo que chegara a hora da mudança. 
 
Quebrou a errónea e nefasta estratégia comunicacional que o conjunto da esquerda marxista aplicamos na nossa açom teórico-prática quando adiamos as mudanças para futuros indefinidos, quando prometemos um mundo novo no porvir, incapazes de convencer e agir para o conseguirmos agora.
 
Porque as massas e os povos, tal como as pessoas, queremos soluçons imediatas aos nossos problemas, queremos atingir resultados já. A paciência nom é infinita. E quando nom se avança, o desánimo e a frustraçom alastram, eclosionam e o individualismo e o salve-se quem puder desenvolvem-se.
 
Eis um dos grandes erros que cometemos das fileiras da esquerda revolucionária galega. Nom confiamos nas possibilidades reais da nossa luita, nas imensa capacidade do nosso povo. No arsenal de razons e argumentos que nos avalizam e provocarám o estalido da ira popular.
 
A tática que empregamos numha greve e conflito laboral, à hora de impedirmos um despejo, em mudar o traçado de um vial, umha exploraçom mineira ou impossibilitar a aprovaçom dumha lei lesiva, consistente em movimentar os setores agredidos e somar apoios para mediante a luita popular ganhar no tempo mais breve possível a batalha, nom se aplica à hora de apostar na mudança global.
 
Carecemos de fé na vitória, de entusiasmo, de fervor revolucionário, de audácia, de paixom. E sem estes ingredientes nom se constrói acionar revolucionário, nem se dá ativado, movimentado e gerado confiança em que sim se pode tomar o céu por assalto.
 
Umha das razons do sucesso do movimento político espanhol encabeçado por um reduzido grupo de professores universitários madrilenos é que está a aplicar as ensinanças chavistas nesta matéria. A difusom permanente como um perfeito mantra do yes we can nom permite avaliar exclusivamente o êxito de Podemos, mas é um dos fundamentos que facilita entendermos como de forma tam veloz consegue disputar a hegemonia eleitoral aos partidos tradicionais do regime.
 
A mística e a épica acompanham umha transgressora estratégia discursiva que apela aos sentimentos, às emoçons, que toca a fibra mais sensível do ser humano, sempre ligada a que é possível, nom só desejável, mudar de imediato as cousas.
 
Se realmente quigermos alterar a dramática situaçom de carência de expetativas em que progressivamente nos fomos instalando, é urgente alterar a nossas formas e métodos de agir.
 
Para que o nosso povo confie em nós, temos previamente nós que acreditar em que é possível transformar o presente. Que já chega de aguardar polo amanhá. Que vamos vencer!

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Carlos Morais Carlos Morais nasceu em Mugueimes, Moinhos, na Baixa Límia, a 12 de maio de 1966. Licenciado e com estudos de doutoramento em Arte, Geografia e História pola Universidade de Compostela, tem publicado diversos trabalhos e ensaios de história, entre os quais destacamos A luita dos pisos, Ediciós do Castro, 1996; Crónica de Fonseca, Laiovento, 1996, assim como dúzias de artigos no Abrente, A Peneira, A Nosa Terra, Voz Própria, Política Operária, Insurreiçom, Tintimám, e em publicaçons digitais como Diário Liberdade, Galicia Confidencial, Sermos Galiza, Praza Pública, Odiário.info, Resistir.info, La Haine, Rebelion, Kaosenlared, Boltxe ou a Rosa Blindada, da que fai parte do Conselho assesor. Também tem publicado ensaios políticos em diversos livros coletivos: Para umha Galiza independente, Abrente Editora 2000; De Cabul a Bagdad. A guerra infinita, Dinossauro, 2003; 10 anos de imprensa comunista galega, Abrente Editora 2005; A Galiza do século XXI. Ensaios para a Revoluçom Galega, Abrente Editora 2007; Galiza em tinta vermelha, Abrente Editora 2008; Disparos vermelhos, Abrente Editora 2012. Foi secretário-geral de Primeira Linha entre dezembro de 1998 e novembro de 2014. É membro do Comité Executivo da Presidência Coletiva do Movimento Continental Bolivariano (MCB). Fundador de NÓS-Unidade Popular em junho de 2001, formou parte da sua direçom até a dissoluçom em maio de 2015. Na atualidade, fai parte da Direçom Nacional de Agora Galiza e do Comité Central de Primeira Linha.