Por Carlos Morais | Compostela | 08/10/2016
No plebiscito nom se votava "sim" ou "nom" à paz. Isso nom passa dumha abstraçom. Se tivesse ganhado o "sim" a Colômbia continuaria sendo umha sociedade submetida à extrema violência imperialista e da burguesia local contra a maioria social. Um País onde umha minoria detenta a prática totalidade da renda e umha maioria excluida com taxas de pobreza mui superiores à meia da América Latina. Umha naçom onde operam com total impunidade os esquadrons da morte vinculados com o Estado, os seus aparelhos policiais e a oligarquia terratenente.
O governo de Santos, sob a batuta dos Estados Unidos, no plebiscito de ontem pretendia ratificar os acordos assinados em Havana polo Estado colombiano e as FARC.
Um nefasto acordo de "paz" que renuncia à prática totalidade das bandeiras que provocárom o levantamento camponês de 1964 e a fundaçom das FARC como partido comunista em armas.
Paz sim mas com justiça social e soberania nacional. Nada disto foi acordado pola direçom das FARC e a fraçom oligárquica que hoje detenta o governo de Bogotá.
O que se acordou foi o desarme das FARC, o "perdom" público da guerrilha polo "dano provocado" em troca da sua legalizaçom e incorporaçom à vida política de um regime terrorista que age como portavions do imperialismo gringo na área.
Sobre as 7 bases militares ianques [Palanquero, Apiay, Malambo, Tolemaida, Larandia, Bahía Málaga e Cartagena] nem palavra!!
Os aparelhos coercitivos e administrativos do Estado colombiano implicados no narcoterrorismo, na guerra permanente contra o povo trabalhador, os que se enriquecem do conflito interno, que negam os direitos básicos do campesinhado e da classe trabalhadora urbana, que condena a juventude à guerra permanente contra o seu povo, que provocam anualmente milhares de mortes de crianças por fame e falta de cuidados médicos, ficariam impunes.
No acordo assinado nem se produz a mais mínima depuraçom, nem se contempla um processo de refundaçom do país mediante a convocatória de umha Assembleia Nacional constituínte que passe a negra página da Colômbia oligárquica do "santaderismo".
Ontem pretendiam legitimar nas urnas a "transiçom" desenhada por Washington e a UE, com um modelo com muitas similitudes com o postfranquismo. Mas contra os prognósticos nom foi ratificado!
O que estava e está em jogo som os interesses estratégicos das multinacionais e do imperialismo ocidental. Frente aos interesses da burguesia latifundiária que representa Uribe, Washington considerou necessário mudar a sua estratégia intervencionista porque provoca mais benefício económico finalizar a guerra contra as FARC. Assim as empresas mineiras podam assaltar as imensas riquezas do solo e subsolo colombiano naquelas amplos territórios que ainda estám sobre o controlo da guerrilha.
Relativizemos os resultados. O "nom" ganhou de forma mui ajustada, por 60 mil votos, mas nom obviemos que sabiamente a imensa maioria do povo colombiano nom participou pois a abstençom foi de mais de 62%. 50,2% votárom “nom” contra 49,7% que votáram no “sim”.
Perdeu Santos, Obama e a nova linha das FARC, e ganhou o complexo militar-industrial, o narcotráfico e a velha oligarquia terratenente representada por Uribe.
Ainda é cedo para prognosticar o que vai acontecer. As FARC e Santos poderám voltar à Mesa de Havana, para reiniciar umha renegociaçom dos termos dos acordos rubricados solenemente em Cartagena de Indias, com ilustres avais como os de Juan Carlos I e Felipe González.
Mas se o já assinado semelha mais umha rendiçom e claudicaçom, em que mais podem ceder as FARC sem umha implosom interna que provoque a sua ruptura?
As FARC devem reconsiderar as suas erróneas decisons e retomar o caminho traçado por Manuel Marulanda e Jacobo Arenas, pois as causas que provocárom o levantamento camponês de Marquetália seguem intatas e a luita pola Independência nacional, a Pátria grande e o Socialismo nom se podem arriar por um prato de lentilhas.
Nom quero finalizar sem lembrar as lúzidas e sempre atuais reflexons do Che Guevara naquele inesquecível discurso de 1961 denunciando a intervençom belga no Congo e o assassinato de Lumumba: "Nom se pode confiar no imperialismo mas nem um "tantito así. Nada!".