Nem Encontro Irmandinho, nem Mais Galiza, nem Ecogaleguistas, nem Acción Galega são partidos (não existem como tais desde o ponto de vista jurídico), mas inundam os meios de notícias sobre encontros, reuniões, negociações, conselhos e assembleias inventados a ritmo acelerado polas suas lideranças e rapidamente recolhidas polos jornalistas que encontraram na fragmentação do nacionalismo o filão informativo do ano.
Os sucessivos anúncios de novos projetos comuns, que visam articular numa frente ampla um amplo abano de sensibilidades, desde a esquerda altermundialista até o centro progressista, passando por alguns elementos folclóricos provenientes do Partido Popular, tem como objetivo abandeirar-se na defesa de um estado do bem-estar em descomposição como estratégia para saciar os velhos e novos egos, hipertrofiados em relação à significativa redução das hipóteses de enveredar “carreiras” políticas financiadas à conta dos cidadãos.
A desesperada chamada das lideranças em competição para reclamar a criação de um novo partido onde a filiação seja individual, contrasta com a ânsia por amarrar o processo de modo a garantir tanto as quotas de poder individual no ponto de partida como a marca de urina ideológica que delimite o terreno político conforme as concepções divergentes que se estão a enfrentar. Ao igual que certos animais que se colocam cabeça abaixo sob as patas dianteiras para urinar mais alto nas árvores e assim mostrar superioridade a competidores territoriais, a crónica política galega tem virado um fascinante documentário de etologia humana.
Mais decepcionante ainda resulta o “de quem vens sendo” do ruge-ruge político, quando os leitores interessados perguntam por quem são as lideranças dos novos projetos comuns. No letreiro pode-se ler: “Procura-se: Líder messiânico para a salvação do povo galego”. O fundo ideológico ou programático, na verdade inexistente, é totalmente irrelevante e, em qualquer caso, virá dado polas velhas receitas de sucesso e canções do verão que resultem apropriadas para levar algo de milho ao Hórreo nas próximas eleições.