Fernando Venâncio: “A história do português é a história das suas tentativas de afastamento do galego"

O académico e reputado lingüista luso non ten problemas en afirmar que a historia da súa lingua está conectada históricamente con Galicia e que até o século XV Portugal falou galego. Di que os “radicais galegos têm um complexo de inferioridade tremendo” cando falan sobre a súa lingua.

Por Galicia Confidencial | Lisboa | 17/12/2019 | Actualizada ás 08:10

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O  escritor, intelectual, crítico literario, lingüista e académico portugués Fernando Venâncio acaba de revolucionar o mundo da lingüística en Portugal con Assim Nasceu Uma Língua, unha extensa obra na que cruza unha fronteira difícil de tocar no país veciño; que a orixe do portugués está en Galicia.

O lingüista e académico portugués Fernando Venâncio
O lingüista e académico portugués Fernando Venâncio | Fonte: ANT

Venâncio, que mantén desde hai moito tempo unha estreita relación co Portal Galego da Lingua rompe mitos lingüísticos e reflexiona sen vendas nos ollos sobre a orixe da actual lingua portuguesa, unida, durante moitos anos e ata o século XIV co galego.  “A história do português é em larga medida, a história das suas tentativas de afastamento do galego”, destaca.

E non ten problema en dicir claramente o que outros lingüístas lusos son moi remisos a dicir; “denominar português qualquer variedade linguística anterior a 1400 é resvalar num anacronismo, e pelo menos numa sofrível incongruência. Até essa data, Portugal utilizou a língua que herdara ao fazer-se independente: o galego”.

Venâncio non estudou a súa lingua desde só unha perspectiva. De feito, para facer a súa obra pasou longas tempadas en Galicia e en contacto con xente do Portal Galego da Lingua e da Agal. “Nenhum português ficou lá mais do que uns meses –na Galiza--. Eu mantive debates contínuos e muito sérios e o que aprendi é que o que pensamos ser óbvio não é óbvio. Sobretudo para interlocutores sem vontade de mudar”.

O "COMPLEXO" DOS GALEGOS

E destes debates recoñece, nunha longa entrevista no xornal Público, que os “radicais galegos” están acomplexados e na enterna comparanza cos vascos e catalán. “Têm um complexo de inferioridade tremendo. Durante séculos, mas sobretudo durante o franquismo, eles tiveram uma doutrinação (tão convincente, para eles) de que aquilo que falavam não valia nada, que acreditaram. É uma situação completamente diferente da dos bascos e da dos catalães.”

Pero Venâncio non ten ningún problema en recoñecer que a orixe do portugués está na antiga Galaecia ou Galécia e que os grandes trobadores medievais que usaban a lingua común galego-portuguesa eran galegos. “A Galécia chegou a Coimbra, mas a língua não; a língua formou-se até ao Douro com umas surtidas só até à Ria de Aveiro. Praticamente todos os autores das cantigas de amigo eram galegos. E os portugueses escreviam-nas como os galegos, ao estilo deles.

DEIXAR O GALEGO PARA APROXIMARSE AO CASTELÁN

E amosase moi crítico co destino e a evolución político-lingüística do seu pobo, que quixo desvestirse de todo o galego para aproximarse ao castelán. “A batalha de Aljubarrota [1385] deu-nos uma abertura cultural, e depois também linguística, para nos irmos ‘vestir’ a Toledo. Lisboa ganha autoconfiança em relação ao Norte, há uma língua que se elabora e tudo o que cheirasse a erva, a antigo, era para abater. Há uma desruralização, como lhe chama o autor e também linguista galego-brasileiro Xoán Lagares. Quando se chega a 1700 já há outra norma, já se fala em Lisboa outra língua.”

Foi cando comezou o afastamento “político” do portugués que se quería desvincular de todo o que fora “galego”. “Portugal vai muito mais longe e mais depressa na absorção do espanhol do que o galego. Porque a Galiza tem um povo aldeão que conserva até 1850 um galego muito puro, face a uma classe superior de advogados, padres e escrivães de língua espanhola. Duas camadas praticamente incomunicáveis. Por volta de 1850 começa o ensino escolar e esse é espanhol. Então, dá-se uma imensa aceleração da absorção do espanhol. E quem é que agora escreve o galego puro? É uma elite”, suliña.

Neste sentido, destaca que a é a partir do século XVI cando comeza unha fixación nas xerarquías portuguesas de utilizar a palabra “lusitano” ou “luso” para diferenciarse do norte galego. “Quando a Galiza deixou de ser referência, Portugal procurou uma referência mais a sul, no povo lusitano. E Camões consagrou isso”, di en alusión a obra Os Lusíados.

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Comentarios 11 comentarios

8 Xerardo Pereiro

-Pereiro, Xerardo (2024): “O galego como parte do sistema lingüístico cultural galego-português ou por que Fernando Venâncio non ten razón?”, em População e Sociedade, vol.40, nº 1, pp. 108-126. ISSN: 2184-5263 DOI: https://doi.org/10.52224/21845263/r... Online em: https://www.cepese.pt/portal/pt/pub.../o-galego-como-parte-do-sistema-linguistico-cultural-galego-portugues-ou-por-que-fernando-venancio-non-ten-razon/o-galego-como-parte-do-sistema-linguistico-cultural-galego-portugues-ou-por-que-fernando-venancio-non-ten-razon/' target='_blank'>https://www.cepese.pt/portal/pt/pub...@@display-file/file/Revista%2040_7.pdf E em: https://www.cepese.pt/portal/pt/pub...

7 LuísF

Sempre é conveniente contrastados opiniões https://praza.gal/opinion/escolhend...

6 Galaico

Os que teñen complexo de inferioridade son os galegos españolistas, este tipo é parvo...

5 uu1

Mira que gosto de Lisboa e disfruto cada vez que estou ali, desejando voltar. Mas alguns português lusitanos ainda creem que foróm os lusitanos quem conseguiróm a independência de Portugal porque em Lisboa também tenhem estatuas de Afonso Enriques, e seguramente não se preocuparóm de viajar a Guimaraes, onde efetivamente “nasceu Portugal”, e para os que o desconheçam Portugal significa “porto dos galaicos” e uma das tribos celtas-castexas que habitavam o noroeste da península eram os “galaicos” e o faziam nas imediações da cidade de Braga (capital da província romana da Gallaecia e do reino suevo). Querer explicar a história pensando no presente tem esta cousas. Bi normativa e a aproveitar os recursos das variedades do português (preferentemente a brasileira), e os galegos, podemos dizer-lhe aos lusitanos o mesmo que lhe dim os brasileiros “os portugueses (lusitanos) não sabem falar portugues”.

4 uu1

O português, incluindo a versão lusitana, e uma variedade do galego-português. Segundo o autor o português é unicamente o português lusitano padrão, porque no norte de Portugal falam mais galego que lusitano e os brasileiros dim não entender aos portugueses e ainda afirmam “os portugueses não sabem falar o português”. Mas seguro que diz que o português (lusitano) é falado por 250 milhões (isso sim, 244 mal falado). E coma os castelhanos que dim que o castelhano o falam 550 milhões (mais de 500 mal falado). Pois ala eles, eu são reintegracionista e o português que quero ouvir e as versões que quero ver nas televisões da Galiza é o português do Brasil que representa o 75% do português falado no mundo porque como dizia Castelao “Compre lembrar que os lisboetas (espécie de andaluzes que falam galego cos dentes pechados) fartáron-se de aldraxar-nos... iñorando que se aldraxaban a si mesmos”.

1 Janjão da Bahêa

Prezado 4 uu1: Vosmicê falou e disse! Nós, brasileiros-nordestinos, falamos bem o português. Mas não só: adocicamos a língua com a cadência malemolente da Bahia, que é só música; abrindo a boca e os dentes e pronunciando preguiçosamente cada vogal, cada consoante, porque a vida é longa e não temos pressa. Principalmente no falar! Aqui não comemos sílabas, vogais nem consoantes. Comemos moqueca, e com bem pimenta e farinha! É o que dizia, creio, Unamuno: "O português é o español sem ossos"! E digo eu pongando en Unamuno: O baianês é o galego sem ossos nem cartilagens e com todos os jotas (J)!

2 Alcides Lé

Sim, hoje o português padrão/norma é o "lisboetês"... falar a moda de Lisboa ou... falar a moda do Porto... alentejano... etc Os meus abós falavam galego e só descobri quando fui a Galiza pela primeira vez! Uma língua é som e música... Hai que respeitar a sua melodia.