Por admin | Compostela | 08/02/2025
Por Suso Samartinho
3. O 'Caramujo', a A. P. Mondelo e o 'Coelhinho Mau'
4. “O Que Aconteceu ao Havai” (versão galega)
5. Porto de Bois (A Batalha)
3. O 'Caramujo', a A. P. Mondelo e o 'Coelhinho Mau'
No dia a seguir a eu receber a alta médica –é dizer, na quinta-feira 16 de janeiro–, quando passavam três minutos das oito da noite (20h03 CET), recebi um 'whatsapp' do meu velho amigo Santi Bernardes. Era o enlace a uma notícia publicada naquele mesmo dia às 14h53 (CET), havia exatamente cinco horas e dez minutos, no site do jornal 'Nós Diário'[1]. Sem comentários.
Num insofrível 'pidgin'[2] galego-castelhano –que eu gosto de chamar de 'galdrapo', por analogia ou simetria com 'castrapo'– o cabeçalho da notícia rezava: <<'O que lle pasou a Hawai': Ana Pontón tira de Bad Bunny para denunciar a “bomba ambiental” que supón o proxecto de Altri>>[3]:
<<"Como di unha canción que estes días escoitamos e está moi de moda, queren quitarnos o río, queren quitarnos a praia, queren levarse a nosa riqueza e que os nosos fillos e fillas se vaian", sinalou Pontón, que espera que a Xunta da Galiza "escoite o clamor social" contra "a macrocelulosa" e "rectifique" a súa posición.>>
Três minutos mais tarde, passando portanto seis minutos das oito da noite (20h06 CET), recebi um segundo 'whatsapp' do amigo também conhecido pola sua alcunha de 'Caramujo'. Este sim, de seu próprio punho. “Intrussismo InteleStual!”, sentenciava o “erudito” de Cangas do Morraço (isto não o digo eu, o Suso, que mo disse um dia nada menos que o Xurxo Souto referindo-se a ele!).
Há sempre uma primeira vez pra tudo e, pola primeira vez na minha vida –ao menos de maneira voluntária e consciente–, escutei uma canção do tal Bad Bunny. Odeio o 'Reguetón'[4] com toda a minha alma e, precisamente por isso, com pouco ou nenhum conhecimento da cousa e de causa, tinha do porto-riquenho bastante mal conceito. Preconceito? Não sei! Não sei o que o 'Coelhinho Mau' fazia antes de fazer isto que faz agora mas tenho de confessar que, desde a primeiríssima primeira escuta, “Lo Que Pasó a Hawaii” me cativou totalmente!
4. “O Que Aconteceu ao Havai” (versão galega)
Tanto que me pus a traduzir / adaptar de imediato o seu refrão para o galego. Para quê? Pois para partilhá-lo no 'Facebook'[5][6][7] a continuação e, talvez, c'um bocadinho mais de tempo e 'with a little help from my friends', fazer um pequeno vídeo:
“Querem roubar-me o rio
e a praia tamém
Eles querem a minha aldeia
E ver as avós morrer / e seus filhos emigrarem
Nom, nom arries a bandeira
nem esqueças o alalá
Que nom quero que contigo fagam
o que aconteceu ao Havai”
No meu último[8] livro, intitulado “Sempre Em Waikīkī: Memórias Havaianas dum Soberanista Galego (ou de como um soberanista galego recebeu um banho de realismo no antigo Reino do Hawai'i” (SEW), concretamente no apartado 2.4. <<“Hawai'i” pronunciado “Havaí”>> do capítulo 2. <
<
'In situ' descobri que a pronúncia dos nossos irmãos de língua –sinaladamente a dos brasileiros– estava bem mais próxima do havaiano original do que a pronuncia 'guachilai' que todos nós aprendemos ouvindo 'Loquillo y Los Trogloditas' (“Esto no es Hawai (que guay)”), Mecano (“Hawaii, Bombay”) ou o ferrolano Jesús Ordovás (“(La Jungla de) Esto no es Hawaii”, Radio 3 – RNE), por pormos apenas três exemplos. Mas, como e que pronunciam “Hawai'i” os havaianos exatamente? [...]
Embora teoricamente não haja agás (Hs) mudos em havaiano, às vezes esse agá (H) inicial e pronunciado tão suavemente que semelha que fosse silencioso –como o “D” em “Django” ('Unchained')– semelhantemente à pronuncia luso-brasileira. O “W” umas vezes pronuncia- se como “W”, outras como “V” (como fazem tugas e brazucas), e outras “Somewhere Over The Rainbow”. E, finalmente, está o 'okina –traduzido para o inglês como 'glottal stop', quer dizer, “oclusiva glotal (surda)”– intercalado entre os dois “Is”, que faz com que as pronuncias havaiana e brasileira do nome do “Hawai'i” nos soem tão parecidas. Em resumo:
Havaí, Havai
são duas pronúncias
nas vozes de
brazucas e tugas
'Jaguay'? Spain,
és “de lo que no hay” !>>
Toda esta longa auto-citação –pola que não penso pedir desculpa[9]– para explicar que, na nossa versão galega do refrão de “Lo Que Le Pasó a Hawaii”, por razões de rima, o topónimo polinésico deve ser pronunciado à rica moda do Porto (ou de Lisboa) e não à maneira brasileira de Porto Seguro (Bahia) ou Salvador (da Bahia também), por pormos também dous exemplos. Seja como for, em nenhum caso à 'Moda de España' (por muito que o espanhol, em Porto Rico, seja uma língua minorizada). Estamos?
Estamos ou não estamos? Por onde estavamos? Desculpem mas acho que com esta pequena digressão me perdi um pouquinho... Tudo bem, vamos começar de novo do início!
Dizíamos ao início deste artigo que, segundo informava o 'Nós Diário' na passada quinta –ou quinta-feira–, em depoimento à mídia realizado da quinta –ou granja– ecológica Arqueixal[10][11] naquele mesmo dia, Ana Pontón (que rima com 'Reguetón'), porta-voz nacional do Bloco Nacionalista Galego (BNG) e líder da oposição no 'Parlamentiño de Cartón'[12] (que também rima) tinha deitado a mão ao Bad Bunny, “para trazar un paralelismo coa "bomba ambiental" que, para Pontón, supón a iniciativa ideada na comarca da Ulloa”.
Referia-se a amiga Ana[13], naturalmente, ao controverso 'Projeto Gama' da empresa portuguesa Altri; projeto de megaconstrução[14] duma nova fábrica de celulose no aparentemente sacrificial território do Reino da Galiza. No município de Palas de Rei –em inglês, 'Caesars Palace'[15]–, concretamente
5. Porto de Bois (A Batalha)
Com a conivência da 'Xunta de Galicia' –que não é a Junta do Reino da Galiza, e bem que se nota!– estes depredadores histórico-artísticos e ambientais são capazes até de profanarem o sagrado sítio do campo da Batalha de Porto de Bois, combate que por acaso teve lugar no lugar de Porto de Bois[16], na paróquia de São João do Mato (atual concelho de Palas de Rei), em 31 de março de 1371. Isto foi catorze anos antes da gloriosa Batalha de Aljubarrota (14 de agosto de 1385), que terminou com a vitória da equipa local (Portugal) e derrota dos castelhanos de Castela. Infelizmente para nós, o resultado da Batalha de Porto de Bois tinha sido algo diferente. “Something completely different”. Catorze anos atrás, em Porto de Bois (São João do Mato), tinham ganho os maus. A equipa visitante. Seja como for, como lhes ocorra tocar “O Mato”[17], juro que os mato!
NOTAS DE RODAPÉ:
[1] Jornal que gere com mão de ferro o meu velho inimigo Roberto Vilameá. O mesmo que a inícios do terceiro Milênio e Século XXI correntes um bom dia, aliás, boa noite –talvez embriagado dalgo, talvez só por foder– interrompeu a minha amigável conversa com o meu antigo colega do “I.N.B. Almirante Salvador Moreno” de Marim (hoje “IES Ilha de Tambo”) Bieito Lobeira no balcão do Medusa, na zona velha compostelana, para chamar-me “espanholista”. Apesar da considerável distância ideológica (e não só) que nos separa, o Bieito e mais eu nunca deixamos de cumprimentar-nos sempre que coincidimos.
[2] “Hawaiian Pidgin (alternately, Hawaiʻi Creole English or HCE, known locally as Pidgin) is an English-based creole language spoken in Hawai'i...” [en.wikipedia.org/wiki/Hawaiian_Pidgin].
[3] [https://www. nosdiario.gal/articulo/politica/que-lle-pasou-hawai-ana-ponton-tira-bad-bunny-denunciar-bomba-ambiental-que-supon-altri/20250116145301214760.html].
[4] Que se escreve com “R” de “Retarder” e canta –por dizer alguma cousa– ao vulgar, horrível, mau e péssimo (antônimos todos do adjetivo “excelso”) ritmo ferreiro de: “Son un pas-món, son un pas-món, son un pas-món...”
[5] Sinto muito mas eu, igual ao Feijóo –quem, já agora, me dá tanto ou mais nojo quanto o 'reguetón' –, “soy lo que se llama ahora un boomer”. [eldiario.es/rastreador/feijoo-llama-ahora-boomer_132_11707200.html].
[6] “Um baby boomer é uma pessoa nascida entre 1946 e 1964 na Europa (especialmente Grã-Bretanha e França), Estados Unidos, Canadá ou Austrália. Depois da Segunda Guerra Mundial estes países experimentaram um súbito aumento de natalidade, que ficou conhecido como baby boom.” [pt.wikipedia.org/wiki/Baby_boomer].
[7] “Esta generación debe su nombre al incremento de la natalidad que se dio en Occidente tras el fin de la Segunda Guerra Mundial entre 1946 y 1964. […] Sin embargo, en España el término baby boom hace referencia a las personas nacidas entre 1957 y 1977, periodo en el que en nuestro país nacieron 14 millones de bebés, según recoge el INE.” [“¿Cuál es la generación baby boom? Edad, características y origen del nombre”, “OndaCero.es”, 04/07/2021, ondacero.es/noticias/sociedad/cual-generacion-baby-boom-edad-caracteristicas-origen-nombre_2021070360e13365f0259600012643d1.html].
[8] O meu último livro que, aliás, é o meu primeiro livro (a solo). E que não sei eu se não será também o derradeiro porque, com o trabalho que me deu escrevê-lo e, sobretudo, publicá-lo...
[9] Como hipocritamente fizeram os Estados Unidos em 1993, centenário do golpe de estado que, com a sua inestimável ajuda, derrocou a/o última/o monarca do Hawaií, a Rainha Lili'uokalani. A meio da “U.S. Public Law 103-150” –adoptada conjuntamente polas duas câmaras do Congresso estado-unidense e assinada polo na altura presidente dos EUA Bill Clinton em 23 de novembro de 1993– a também informalmente conhecida como “Apology Resolution” (Resolução de Desculpa) "acknowledges that the overthrow of the Kingdom of Hawaii [January 17, 1893] occurred with the active participation of agents and citizens of the United States and further acknowledges that the Native Hawaiian people never directly relinquished to the United States their claims to their inherent sovereignty as a people over their national lands, either through the Kingdom of Hawaii or through a plebiscite or referendum" ("reconhece que o derrocamento do Reino do Hawai'i [17 de janeiro de 1893] aconteceu com a participação ativa de agentes e cidadãos dos Estados Unidos, reconhecendo além disso que o povo Nativo Havaiano jamais renunciou em favor dos Estados Unidos à inerente soberania que como povo tem sobre as terras da sua nação, fosse através do Reino de Hawai ou através dum plebiscito ou referendo"). Podo chegar a ser bastante hipócrita mas... tanto, tanto...
[10] Sita na paróquia de Santiago de Albá, concelho de Palas de Rei, comarca da Ulhoa.
[11] Para comer, Lugo e, para as queixas, nada como uma boa queijaria! Nada como uma boa fábrica de queijos artesanal da província homónima! Bem-aventuradas/os as/os queijeiras/os! <<"Blessed are the cheese makers." What's so special about the cheese makers? Well, obviously, it's not meant to be taken literally. It refers to any manufacturers of dairy products.>> (Monty Pithon's “Life Of Brian”).
[12] Como costumava a chamar o Parlamento da Galiza o seu predecessor em ambos os cargos –tanto no partidário quanto no institucional–, o grande-grande-grande Xosé Manuel Beiras.
[13] E antiga vizinha de condomínio minha, já agora, nos meus últimos anos de vida compostelana.
[14] Ocupando uma superfície total de 366 hectares, é dizer, 3,66 dos 200 km² de superfície (199,68 km², se formos picuinhas) que tem o município palense.
[15] Sabiam, já agora, que com uma população de 50.000 Kānaka Maoli (Nativos Havaianos) Las Vegas é conhecida no arquipélago havaiano como 'The 9th Island'?
[16] “Porto de Bois é un lugar da parroquia do Mato, no concello lugués de Palas de Rei, na comarca da Ulloa. Segundo o IGE, en 2021 contaba dous habitantes (dous homes). Por esta aldea discorre o Camiño Francés.” [gl.wikipedia.org/wiki/Porto_de_Bois,_O_Mato,_Palas_de_Rei]. #GalizaEsvaziada
[17] “San Xoán do Mato é unha parroquia do concello de Palas de Rei na comarca da Ulloa, na provincia de Lugo. No ano 2007 tiña 85 habitantes, deles 45 eran homes e 40 eran mulleres, o que supón unha diminución de 3 habitantes en relación ao ano anterior, 2006.” [gl.wikipedia.org/wiki/O_Mato,_Palas_de_Rei].
Se tes problemas ou suxestións escribe a webmaster@galiciaconfidencial.com indicando: sistema operativo, navegador (e versións).
Agradecemos a túa colaboración.