Bravo por Greta Thunberg!

Grandes iniciativas ficam se desativadas se não surge um ou uma líder que aglutine as vozes dispersas e lhe dê o eco que precisam para calar na opinião pública e converter-se num movimento de massas, único jeito de incidir nas consciências e propiciar um câmbio de tendência no organismo social.

Por Ramón Varela | Ferrol | 20/03/2019

Comparte esta noticia
A luta contra o câmbio climático é o problema mais importante com o que se enfrenta a humanidade nos nossos dias porque se o planeta se volve inabitável todo o demais sobra, e surpreende a lentidão com a que se tomam as medidas precisas para deter essa deriva cara ao precipício da que vem insistindo a ONU desde faz já algum tempo. Num informe desta organização de data 15/03/2019 declara que o 95 por cento da população mundial vive numa nuvem tóxica, e, portanto, respira ar contaminado. Alerta que se não se incrementam drasticamente as proteções ambientais poderiam produzir-se milhões de mortes prematuras, cara ao ano 20150, nas cidades de Ásia e África, e insiste em que cumpre transitar cara a um desenvolvimento sustentável. 
 
O reto ao que nos enfrentamos é de primeira magnitude e continuamos caminhando a passos de tartaruga para remediar a hecatombe. A isto há que acrescentar a grande insensibilidade das elites econômicas e políticas, especialmente de países como os EEUU de América em que a Administração Trumpo se dedica a negar o problema e pretende que os outros países corram com o custo dum problema criado, em grande parte, precisamente por ela, por ser este país o segundo maior contaminante do planeta. As elites oligárquicas, por uma parte, fazem negócio a custa da venda de combustíveis fósseis que inundam a atmosfera de CO2, NO2 e metano (CH4), que é um gás que atrapa 20 vezes mais o calor que o dióxido de carbono, e pola outra, beneficiam-se da luta contra o câmbio climático que realizam os demais. 
 
A solidariedade inter-geracional é um conceito básico em ética, porque não é correto fazer o que à geração atual lhe acomode e às vindoiras que as parta um raio. Assim como não podemos desentender-nos dos que hoje o passam mal, tampouco podemos deixar-lhe às gerações futuras um mundo inabitável. Outro princípio que deveria abrir-se passo com presteza é o câmbio de mentalidade sobre o mundo que nos rodeia: mineral, vegetal e animal infra-humano. A ética tem que ser global ou não é nada. Os vegetais fazer possível a vida na terra e os animais são seres sencientes que são os nossos companheiros de viagem. Isto implica que é um atentado contra eles tratá-los como meros instrumentos do nosso prazer e dos nossos passatempos. A caça, as corridas de touros e as pelejas de cães e galos colidem com uma consciência ecológica lúcida e respeitosa com os direitos dos animais, especialmente dos sencientes. O cuidado das árvores, a preocupação polo equilíbrio dos elementos que constituem o meio ambiente e, consequentemente, a luta contra a degradação do solo, a contaminação, o consumo excessivo de auga, a degradação da atmosfera e a preservação da biodiversidade constituem também o eixo básico duma ética ecológica. 
 
Entre as medidas que propõe a ONU figura a diminuição do consumo de carne, porque a cria de gado produz anualmente uns 115 milhões de toneladas de gás metano nos processos de nutrição animal. O simples eructo duma vaca produz entre 80 e 120 quilos de metano ao dia, devido a que têm no intestino baterias que o produzem na fermentação do processo de digestão. 
 
A sensibilidade das pessoas continua sendo deficiente, incluso de pessoas que lecionam aulas e que pola sua profissão estão obrigadas a formar-se uma ideia desta ameaça para a humanidade. Foi especialmente sintomático que todo um catedrático de física, coirmão do anterior presidente do governo negasse o câmbio climático pretextando que se não podemos predizer o tempo que faz amanhã, como imos saber se existe câmbio climático? Em base a esse negacionismo de todo um catedrático de física, Rajoy sentenciou que “o câmbio climático tampouco o podemos converter no grande problema mundial”.
 
A nível político não se tomam as decisões necessárias para preservar o planeta vivo com a rapidez que seria de desejar. Os políticos, tendo em conta que o movimento dos coletes amarelos na França se desencadeou como protesta contra um imposto ao carbono, não se atrevem a tomar as medidas precisas para procurar deter os efeitos perversos do câmbio climático: secas e inundações mais frequentes, ciclões, suba dos níveis da auga dos mares, perda de biodiversidade,... Entendo que, em realidade, a luta na França, que depois se estendeu a outros países europeus, não se deve tanto ao imposto citado senão à situação de precariedade dos trabalhadores europeus que não são capazes de levar uma vida digna, ao tempo que as elites econômicas amassam a cada passo mais dinheiro com a cumplicidade dos seus corifeus políticos. A gente assume normalmente as medidas necessárias para deter o desarranjamento do clima e do meio ambiente, mas exigem que as oligarquias também façam sacrifícios. 
 
Os governos do PP foram especialmente insensíveis na luta contra o câmbio climático. Implantaram o imposto ao sol para beneficiar as elétricas e não tomou nenhuma medida para implantar os veículos elétricos. Na Galiza, paralisaram o concurso eólico que atrasou o desenvolvimento das energias renováveis, enviando-lhe uma mensagem errônea à cidadania. A política florestal é insatisfatória porque fomenta a implantação intensiva de espécies pirófilas, de plantas que favorecem os incêndios florestais. 
 
O governo espanhol do PSOE deu-lhe um impulso à luta contra o câmbio climático: eliminou o imposto ao sol, anuncia medidas de encerramentos das centrais de carbono e também obrigaram que as gasolineiras instalem carregadores de baterias para veículos em 2020, mas não foi capaz de aprovar o decreto sobre contadores individuais de calefação apesar de ter o projeto preparado desde o mês de setembro de 2018. Suponho que será por medo a que aqui se estenda o movimento dos coletes amarelos. Isto impede que as comunidades de vizinhos não se decidam a tomar medidas de eficiência energética, por aquilo de que é melhor esperar e ver como queda. 
 
Greta Thunberg, uma mocinha sueca de 16 anos, diagnosticada como com o síndrome de Asperger, que se engloba dentro do Espectro de Transtorno Autista, que, no seu caso se carateriza por ver o mundo em branco e negro, ter dificuldade para fingir e mentir e desinteresse polos jogos sociais, converteu-se no ícone da luta contra o câmbio climático. Desde agosto de 2018 vem protagonizando greves todos as sextas feiras, e logrou que a sua sensibilidade se estenda-se já aos moços e moças de muitos países. Em mais de 270 cidades já se produziram manifestações secundando os seus objetivos. Não podemos por menos de transmitir-lhe os meus parabéns, ademais de pola sua inteligência e serenidade na exposição, por ter aglutinado uma parte significativa da juventude mas sensível dos nossos numa luta que merece a pena, porque é uma luta polo bem-estar da sua geração e das que lhe sucederão. Este despertar juvenil por uma causa justa e vital para o porvir do planeta, une-se ao despertar das mulheres para lograr a igualdade de direitos a nível social com o varão. 
 

A moza Greta Thunberg, activista contra o cambio climático
A moza Greta Thunberg, activista contra o cambio climático | Fonte: Líder informativo
Comparte esta noticia
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
Ramón Varela Ramón Varela trabalhou 7 anos na empresa privada e, a seguir, sacou as oposições de agregado e catedrático de Filosofia de Bacharelato, que lhe permitiu trabalhar no ensino durante perto de 36 anos.